domingo, 16 de janeiro de 2011

Alejandro Fernández: Todos temos algo de machista, queremos independência, mas também uma mulher que nos mime

Alejandro Fernández

É uma mistura de Luis Miguel e Maradona. As mulheres deliram por ele, os homens o idolatram. O Potrillo (35) é uma grande voz da música regional e da balada no México.
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O homem de olhar profundo e obscuro, muito jovem apesar de prematuramente grisalho, muito bem coberto com seu casaco negro e suas botas também negras apesar do ar sufocante, tem tanta vigilância como George Bush. Está sentado em um sofá azul, neste minúsculo camarim do palenque (um tipo de mini estádio) da cidade de Pachuca, a capital de Hidalgo, a 88 km da capital mexicana, onde está acontecendo o grande festival da cidade. O povo está nas ruas com seus sombreros, suas cervejas enchiladas e suas tequilas misturadas com laranja. E ali fora, dez mil pessoas gitam seu nome, ou melhor, o apelido pelo qual o chamam aqui: Potrillo!
Os homens urram: Você é o rei!
As mulheres deliram: Queremos ver você mexer o bumbum!!!
O homem de olhar profundo não espera o cumprimento para se levantar. Sorri com seus dentes brancos e perfeitos, oferece um abraço cheio de afeto, como e nos conhecéssemos a vida toda. Logo, os olhos negros se ilumiam, seu rosto se desfaz do semblante de cansaço e só então consigo entender o fenômeno Alejandro Fernández. Somente ali, quando seu carisma nos pega de jeito sem aviso prévio, entendemos como este cantor de música regional e baladas, que já vendeu doze milhões de discos, que tem sua estrela na calçada da fama em Hollywood, que conquistou a Espanha (onde cantou bem junto com o cantor El Cigala), quem foi convidado pela revista Vogue para ser a estrela de sua noite junto a Paris Hilton, que gravou com Luciano Pavarotti um CD de músicas natalinas, que ganhou dois Grammy e dois Billboard, é para todos os mexicanos muito mais que um de seus grandes músicos. É uma mistura explosiva, algo assim como a soma de Luis Miguel (tão sexy para elas) e Maradona (tão ídolo para todos). E como agora vai estar na Argentina (16 de novembro no teatro Gran Rex, trazido pela Fenix Entertainment Group, depois Córdoba e Chile uns dias antes), aqui estamos com ele, esperando que dê meia noite para subir no palco, enquanto isso na arena acontece uma rinha de galos e seus seguranças se esforçam para que ninguém chegue neste pequeno espaço resguardado somente por seus corpulentos corpos e um cartaz pintado sobre a parede rugosa escrito: privado.
Você está com cara de cansado, diz o fotógrafo Santiago Turienzo. Um asistente não disfarça um gesto nervoso diante do comentário. Mas o Potrillo solta uma gargalhada tão sonora como sua voz. Fiz um show ontem que também terminou de madrugada. Queria que ficassem para ver tudo; vai terminar depois das três e espero que se divirtam e aproveitem. Mas acima de tudo que vejam que ali, para o público, eu deixo tudo, até minha alma.
Filho do cantor de música regional mais amado do Méxiico, Vicente Fernández (o famoso Chente) e dona Refugio Abarca, nasceu na capital do México no dia 24 de abril de 1971, mas cresceu em sua fazenda de 200 hectares em Guadalajara: Los Tres Potrillos (que tem esse nome por causa dele e de seus dois irmãos, Vicente e Gerardo), onde criam cavalos e pôneis anões, llamas trazidas do Peru e mutíssimos galos. Sua biografia também diz que é um poderoso empresário de espetáculos junto com sua família, que seu irmão Vicente ficou sequestrado por quatro meses, há mais de sete anos, que seus sequestradores cortaram vários dedos dele e que assim que pagaram o resgate todos os Fernández se refugiaram nos Estados Unidos (mas voltamos porque sentíamos saudade e apesar de tudo, desejávamos viver no México, explica), que é um símbolo sexual, e que a revista People o elegeu entre as 50 pessoas mais bonitas do mundo. Mas ainda sem gravador e sem entrevista formal (já que o tempo passa e o show se aproxima), é muito melhor escutar ele contar sua história. Porque ele fala da sua vida com a mesma paixão que logo mais colocará no seu show de quase três horas, onde terminará suado, sem seu paletó de mariachi, com sua camisa branca aberta e com seus fãs lhe dando flores e esperando dele só um olhar. Com esse olhar profundo e obscuro. El Potrillo, começa assim:

Sabe, ser filho de um pai famoso não é fácil. Quando eu era pequeno não faltava algum idiota na escola que tornava minha vida difícil. Aprendi a conviver com isso, mas foi difícil. Tinha necessidade de brilhar com minha própria luz. Mas devo reconhecer que isso me abriu muitas portas.

Não deve ser fácil ser uma estrela desde pequeno.

Com certeza, ainda hoje, em certos momentos, dá vontade de não ser conhecido, de não ter que sorrir para todo mundo na rua. E quando isso acontece, você fica recluso e não sai de casa. Porque algo deve ficar bem claro: você deve ao seu público tudo o que você é.

Você é pai de cinco filhos, você cria eles como seus pais te criou?

Meu pai foi severo, muito rigoroso. Mas foi um grande exemplo.

E hoje, ele mudou?

(Risos) Não. Hoje continua rigoroso, apesar de que agora é um pouco menos. Eu agradeço sua educação, porque acredito que eu e meus irmãos temos alguns defeitos, mas de coração somos muito bons. Mas não repetirei as coisas que sinto que possam afetar meus filhos. Nada contra, mas ele era um pouco seco com a gente, e com meus filhos sou só beijos e abraços. Procuro vê-los todo dia, levá-los na escola, fico na casa deles até que eles durmam, que eles passem os finais de semana comigo. Tenho uma comuncação incrível com eles. Eles mudaram minha vida e me fizeram amadurecer.

E como andam as coisas do coração? Você se casou duas vezes e nas duas vezes se divorciou.

Na primeira vez me casei muito novo. Ela era companheira da escola. Se chama América Guinart e é mãe do Alex e das gêmeas América e Camila. Logo me casei com uma colombiana que conheci no palenque de Reynosa. Acho que fez uma aposta com suas amigas da faculdade e disse que conseguiria falar comigo. Pediu a um de meus músicos para me conhecer. Depois eu liguei para ela e assim começou tudo. Estivemos juntos quase sete anos. Se chama Ximena Díaz e é mãe de meus dois filhos menores: Emiliano e Valentina.

E hoje?

Namoro Ayari Anaya. Ela é de Guadalajara, tem 20 anos e estuda Administração de Empresas.

Então, você vai ter mais filhos?

Não, fechei a fábrica.

Mas você namora uma mulher de 20...

Olha, eu sou isso. Pode gostar de mim ou me deixar. Amo meus filhos, mas não quero ter mais. Estou bem grandinho e posso escolher a vida que quero.

Aos 35, apesar de seu calendário ter corrido rápido demais, ainda é muito jovem.

Aos 18 anos comecei e nuca parei. A música me consumiu. Estudava Arquitetura na Universidad del Valle de Atemajac, e eu que tinha ótimas notas ia levando. Tive que escolher e abandonei a arquitetura. Não me permito ser medíocre. Mas ainda hoje não deixo de pensar que algum dia vou retomar a arquitetura.

Voltando ao amor. Você pode pedir a mulher que está com você que abra mão da vontade de ser mãe?

A mulher que estiver comigo não tem que abrir mão de nada, só tem que escolher entre formar um casal ou encontrar um homem pra formar uma família. Eu não minto, e escolho ter uma companheira. Se isso é estar sossegado ou se é ser egoísta, eu não sei. É o que sinto. Não quero fazer coisas que não estão no meu coração.

Dizem que você é o “grande macho mexicano”

(Risos) Ay, ay, ay! Olha só a fama que me fazem ter! Te digo a verdade. Tenho algo de macho mexicano. Todos temos. São vícios que herdamos das nossas famílias.

Qual é um costume de um macho mexicano?

Exigir dependência da nossa companheira, ter nossos espaços, e ao mesmo tempo pedir toda sua atenção. Gosto de ser mimado pela mulher que amo. Por isso adoro a frase que diz: Não temos que entender as mulheres, só temos qu saber amá-las. Você gosta?

2 comentários:

  1. Muito obrigada pela entrevista!


    Beijos


    Charo

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  2. Que ótimo trabalho, amiga!

    Que rico verte aqui, mi querida Charito! Y mira...en portugués, eh? Que lujo! jeje!!!

    Beijos,
    Amélia

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